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Post by joseverson on Jul 19, 2006 10:45:04 GMT 1
Conceito: DŌJŌ道場道 DŌ - "Caminho", "Via", "modo de vida" 場 JŌ - "Local", "Lugar" Literalmente: "Local da Via", "Local para a prática do Caminho"... O DŌJŌO Dōjō está dividido em quatro partes distintas: 1. KAMIZA (pronuncia-se "kami-dzá"): "Assento Superior". 2. SHIMOZA (pronuncia-se "Shimo-dzá"): "Assento Inferior". 3. JŌSEKI (pronuncia-se "djô-ssêki" e não o que é comumente ouvido "Jô-zéki"): "Lugar Superior". 4. SHIMOZEKI (pronuncia-se "shimo-dzêki"): "Lugar Inferior". - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1. KAMIZA é o local onde sentam-se o Instrutor e seus convidados. 2. SHIMOZA é o local onde sentam-se os alunos. O aluno mais graduado senta-se mais à esquerda do Instrutor. O aluno menos graduado senta-se mais à direita do Instrutor. 3. Quando existir(em) "Instrutor(es) auxiliar(es)", estes sentam-se no JŌSEKI. Ou, se alguém for chamado para demonstrar alguma técnica com o instrutor, quando nada estiver a ser feito, o aluno chamado senta-se no JŌSEKI. 4. Quando não houver espaço no SHIMOZA, os alunos menos graduados sentam-se no SHIMOZEKI.
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Post by Marco on Jul 22, 2006 15:45:30 GMT 1
joseverson parabens pela sabedoria que transmites.Já aprendi coisitas contigo.Continua...
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Post by joseverson on Jul 22, 2006 18:20:51 GMT 1
Conceito: SHŌGŌ (Graduações de Instrutores)
称号 - SHŌGŌ - "Título", "Grau".
Tão controversas e mal utilizadas quanto o termo Sensei, as graduações Shōgō - "graduações de instrutores", outorgadas por determinadas autoridades oficiais de Artes Marciais (como Karate, Kobudō, etc.) conferem aos seus detentores o título e a capacidade de estar oficialmente habilitados a darem aulas.
Mas, antes de mais nada, vejamos o panorama geral das graduações de cintos pretos:
As graduações de cintos pretos dividem-se em duas vias: 1. 段位 - Graduações Dan-i (do 1º ao 10º Dan) e 2. 称号 - Graduações Shōgō (Instrutores).
段位 - Graduações Dan-i. São as graduações normais dos cintos pretos, do 1º ao 10º Dan. Estas graduações NÃO conferem ao seu detentor a capaciade de dar aulas. De uma forma imediata e bastante simplista, poder-se-ia dizer que as pessoas que têm esta graduação (Dan-i - 1º ao 10º Dan) NÃO podem dar aulas... mesmo que realmente tivessem o 10º Dan. (Eu sei, eu sei... não é o que temos visto no mundo actual, mas...)
称号 - Graduações Shōgō. Para o efeito de intrução, existem títulos que são expedidos por órgãos oficiais e que, em regra geral, determinam a proficiência do seu possuidor a nível de instrução. Genericamente, um cinto preto pode candidatar-se a uma graduação de instrutor ao atingir o 3º. 5º e 7º Dan.
Por exemplo, em algumas escolas a graduação de instrutor está dividida da seguinte maneira:
3º Dan - Jokyō - Instrutor auxiliar 5º Dan - Jun-shihan - Mestre adjunto 7º Dan - Shihan - Mestre
Em outras escolas podem ser: 3º Dan - Renshi - Instrutor 5º Dan - Kyōshi - Professor 7º Dan - Shihan - Mestre
Sendo o título "HANSHI" ("Grande Mestre" - em alguns casos tratados por Ō-Sensei) apenas utilizado pelo mestre fundador de um determinado estilo ou por alguém que tenha demonstrado conhecimento acima do excepcional em determinada Arte.
Estas graduações Shōgō, estes títulos conferem aos seus detentores a capacidade de efectivamete dar aulas devido a comprovação efectiva das suas capacidades e conhecimento dentro da Arte que praticam mediante apresentações de teses e um exame rigoroso.
Alguns problemas graves nas graduações Shōgō são os seguintes:
- Os exames para estas graduações são apenas feitos no Japão e, em caráter excepcional, também são feitas em campeonatos mundiais da Arte em questão.
- A falta de divulgação das mesmas. Estas graduações são indicadas nos programas técnicos escritos em japonês (alguns programas eu proóprio tive a oportunidade de traduzir), mas não constam - por um motivo que transcende a minha capacidade de compreensão - nos programas técnicos escritos no nosso idioma.
- A falta de exames Shōgō (de instrutor) nos nossos países, sendo o candidato obrigado a deslocar-se ao Japão e dispor de "fundos" extras para o referido exame inviabilizam muitos esforços verdadeiros.
- Os poucos detentores de Graduações Shōgō também guardam para si estas indicações e informações, por um motivo que só a eles compete divulgar (não vou entrar no mérito da questão do porquê que não o fazem...).
- Alguns "iluminados" auto-atribuem-se títulos ou são tradados por outros "menos iluminados" por títulos Shōgō mesmo que os "iluminados" NUNCA tenham passado por tal exame de graduação... Atingir 3º, 5º e 7º Dan da graduação Dan-i não confere a ninguém um título de instrutor!
Esse assunto, contudo, levanta uma consideração importante:
- Quem realmente pode dar aulas?
Num mundo "Dan-i" onde um cinto preto 1º Dan passa imediatamente a "instrutor" e alguns 3º, 4º e 5º Dan já se consideram "Mestres" de um caminho... não é de adimirar que graduações Shōgō sejam desconhecidas. Mas o facto de serem graduações "desconhecidas" não quer dizer que não existam...
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Post by joseverson on Jul 23, 2006 16:12:04 GMT 1
Conceito: KAMIKAZE
Este conceito é muito interessante de ser comentado na medida em que é facilmente utilizado de forma completamente errada por grandes meios de comunicação, por exemplo: CNN, Rede Record (Brasileira), SIC e TVI (Portuguesas) - que supostamente deveriam ser fontes fidedignas de informação fundamentada... mas, no fundo da questão, erram onde qualquer amador ou pessoa com conhecimento medíocre da história universal erraria: na falta de pesquisa e utilização indevida de termos fora do contexto... induzindo outras pessoas a fazê-lo de forma semelhante.
(O que levanta uma questão importante sobre as informações divulgadas pelos media:"serão fidedignas algumas "verdades" veiculadas por estes mesmos meios de informação e comunicação das massas?")
Vamos entender a palavra e sua aplicação no contexto histórico japonês e, só depois, aprender a utilizar de forma correcta o referido conceito.
Antes de mais nada, é preciso dizer que, dentro da língua japonesa, o termo KAMIKAZE não existe (de forma correcta).
Para começar, faz-se necessária uma brevíssima explicação sobre as leituras dos ideogramas dentro do idioma japonês:
Genericamente falando, todos os ideogramas japoneses apresentam duas formas de leitura: 1 - On-yomi - Leitura fonética Chinesa utilizada pelos Japoneses 2 - Kun-yomi - Leitura japonesa dos mesmos ideogramas.
Confuso? Numa primeira abordagem pode parecer bastante confuso... mas eu explico melhor:
Tomemos por exemplo os seguintes ideogramas:
神 - "Deus, Divino, Alma..." 1 - On-yomi - SHIN 2 - Kun-yomi - KAMI
風 - "Vento" 1 - On-yomi - FŪ 2 - Kun-yomi - KAZE
... Mas, (in)felizmente, existem regras de leitura de ideogramas que dizem que:
- "Palavras compostas por dois ou mais ideogramas deve-se utilizar a forma On-yomi de leitura". - "Palavras utilizando ideogramas isolados, devem usar a forma Kun-yomi de leitura."
Desta forma KAMIKAZE é, de facto, em japonês correcto, lido como SHINPŪ...
Neste ponto, alguém muito observador perguntaria:
"SHINPŪ?! Não seria SHINFŪ, com "F"?!"
Existe outra regra de formação de leitura de ideogramas que a grosso modo diz que:
"SHIN seguido de um ideograma que comece por "F", o "F" muda para "P"..."
O problema inicial dapalavra KAMIKAZE começou quando alguns tradutores com gritante falta de conhecimento da língua japonesa viram a forma escrita dos ideogramas em separado e, num rasgo de "iluminação" utilizaram a leitura KUN-YOMI... e assim surge o termo errado: KAMI-KAZE!
Mas, vejamos a origem do termo errado "KAMI-KAZE" ("Vento Divino")...
Tudo começa em 1274 quando os Mongóis tiveram a brilhante idéia de invadir o Japão com uma frota composta por 300 navios, 400 a 500 outras embaracações e um contingente de 23.000 soldados...
Resumindo: veio uma tempestade e os Mongóis viram a idéia de invadir o Japão ir literalmente "por água abaixo".
Mas os Mongóis tinham essa idéia fixa e não desistiam facilmente. Assim, em 1281, tentaram novamente!
Resumindo: veio um poderoso tufão e novamente a idéia dos Mongóis foi literalmente "por água abaixo" (e, desta vez, de uma vez por todas)!
A partir deste tufão que salvou o Japão da invasão Mongol surgiu o termo "Vento Divino" (Shinpū ou erroneamente kamikaze).
Durante a segunda Guerra Mundial, vendo que as suas chances de sucesso eram mínimas, a 大日本帝国海軍 DAI NIPPON TEIKOKU KAIGUN - "Marinha Imperial Japonesa" criou os 神風特別攻撃隊 SHINPŪ TOKUBETSU KŌGEKI-TAI "Grupos de Ataques Especiais Vento Divino", mais conhecidos pelos marinheiros japoneses como 特攻隊 TOKKŌ-TAI "Grupos especiais de Ataque".
Estes "Grupos Especiais de Ataque" eram jovens que lançavam as suas aeronaves contra os navios inimigos fazendo uma analogia ao tufão que salvou o Japão em 1281... naturalmente - desta vez - o "vento Divino" humano não foi suficiente para defender o Japão da posterior invasão.
Assim, causa-me uma grande perplexidade e horror ver que as grandes redes de televisão, responsáveis pela informação levada a todos os cantos do planeta, utilizem um termo "Kamikaze" sem verificar o seu real significado, referindo-se aos bombistas suicidas palestinianos.
Os bombistas suicidas da palestina estão inseridos no contexto socio-cultural do meio em que são parte fundamental da expressão cultural daquela nação e deveriam ser chamados pelo termo que são referidos nas suas comunidades, isto é, SHAHID ("Mártir") e não por KAMI-KAZE (que por sí só já são dois erros grosseiros: primeiro porque o termo correcto é SHINPŪ e segundo porque não há nenhum tufão que tenha salvo a palestina de invasões dos Mongóis)...
Assim, se as grandes redes televisivas como CNN, Record, SIC, TVI etc. não se dão ao trabalho de fazer uma pesquisa de cinco minutos, como podemos esperar que os cintos pretos saibam as matérias que lhes dizem respeito?
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Post by joseverson on Jul 27, 2006 14:10:30 GMT 1
Conceito: KYŪ
級 KYŪ - Grau, classe, classificação.
Em muitas publicações ocidentais "oficiais" de Artes Marciais japonesas é muito comum ver-se o termo Kyū referido ao cinto branco, mas isso é um erro.
Só se obtém um "grau" após sermos submetidos a algum exame, o que não acontece com todos os cintos brancos.
No Japão, os cintos brancos são tratados por duas designação específicas:
1. 無級 - MUKYŪ - "Sem grau", "Sem classe", "sem classificação". Onde "MU" significa "Sem", "não haver", "não possuir", "não existir"...
2. 初心者 - SHOSHINSHA - "Principiante", "iniciante", "iniciado"...
Assim, mesmo que alguns órgãos oficiais (ocidentais) coloquem nos seus manuais, programas técnicos, publicações etc. o cinto branco como Kyū, isto não está correcto em se tratando de cultura japonesa e, portanto, deveria ser evitado.
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Post by budoka on Aug 3, 2006 0:09:41 GMT 1
Conceito: KAMIKAZEAntes de mais nada, é preciso dizer que, dentro da língua japonesa, o termo KAMIKAZE não existe (de forma correcta). Um dos últimos dicionários de japonês que folheei (Éditions e-books France - 2000) continha o termo Kamikaze, traduzindo como vento divino...
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Post by joseverson on Aug 3, 2006 21:04:04 GMT 1
Um dos últimos dicionários de japonês que folheei (Éditions e-books France - 2000) continha o termo Kamikaze, traduzindo como vento divino... Estes dicionários apresentam a forma Shimpū para "Kamikaze"? Existem vários termos japoneses que são utilizados fora do Japão que apresentam formas "meio diferentes" de leitura. Uma vez que o passar do tempo validou estas formas "diferentes" de leitura, hoje em dia assumimos como correctas. Este facto é bem visível nos nomes dos Kata de Karate, onde alguns assumem a formação idêntica da palavra "Kamikaze". Tomemos, por exemplo: a denominação NIHON para expressar "Japão". NIHON é a forma KUN-YOMI de leitura dos ideogramas, quando na realidade, existe a regra que diz que: "O ideograma NICHI ("NI" de NIHON) quando seguido de um ideograma que comece por "H", este "H" é duplicado e modificado para "P" ". Assim sendo, pelas regras oficiais japonesas de transcrição fonética NIHON está errado, sendo NIPPON o termo correcto... Daí referirmo-nos aos japoneses como NiPónicos e não Nihónicos. Outro exemplo, este muito conhecido e controverso, é o nome do Kata conhecido por MATSU-KAZE. Não há publicação onde este nome não apareça expresso desta forma. Ainda não vi publicação (pode ser que exista) onde este nome esteja escrito como SHŌFŪ... que seria a sua forma correcta. Para fundamentar o nome do Kata, vejamos o nome de um estilo de Karate: Shōtōkan. Alguém alguma vez viu este nome escrito como MATSU-NAMI-YAKATA?! ;D Aqui todos estamos de acordo que MATSU - "Pinheiro" tem que ser "Shō". O que ninguém questiona é o motivo que este mesmo "pinheiro" é MATSU em MATSU-KAZE e não SHŌ. E, a ser SHŌ, KAZE está incorrecto, pois deveria ser FŪ. ;D Evidentemente há qualquer coisa errada por aqui... Mas não existe muita paciência por parte dos "mestres do caminho" para descobrir o quê, uma vez que estas "meio-verdades" são inquestionáveis, não? Isto torna mais do que evidente o facto de que erros de base, fundamentados pelo tempo, são frequentemente tratados como "informação correcta". Existem "n" instituições oficiais de Artes Marciais diversas que apresentam NIHON na sua designação (inter)nacional... O dicionário de Porto-Editora, que eu considero muito bom, apresenta o termo TOKKOTAI (e não fala da sua forma completa - onde estariam os ideogramas para "Vento Divino"), apresenta também o termo KAMIKAZE e não fala de SHINPŪ. Assim... Cabe a cada um de nós, baseados no nosso maior ou menor grau de informação, verificar a exactidão da informação que recebemos e aceitar (ou não) tal informação. Quando EU leio os ideogramas, leio SHINPŪ, SHŌTŌKAN, SHŌFŪ, NIPPON etc. Mas se as pessoas quiserem ler KAMIKAZE, MATSU-NAMI-YAKATA, MATSU-KAZE, NIHON etc., isto são escolhas pessoais e podem (ou não) estar fundamentadas em factos verificáveis. As línguas nacionais (Português, Inglês, Japonês, Espanhol, Alemão, Italiano, Francês, etc.) não são "línguas ao calhas". São compostas de regras específicas para escrita e leitura. Umas com maior complexibilidade do que outras e que exigem "estudo" fundamentado a fim de que possamos nos expressar de forma correcta e não são "tiros no escuro" em se tratando de comunicação (verbal ou escrita).
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Post by joseverson on Aug 3, 2006 22:30:58 GMT 1
Já que tem surgido alguma dúvida sobre leitura de ideogramas, decidi colocar uma listagem de leitura errada KUN-YOMI (entre parênteses) e respectiva leitura correcta ON-YOMI de ideogramas conhecidos...
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Algumas ARTES:
柔道 - (yawara-michi) JŪDŌ 空手 - (sora-te) KARATE 剣道 - (tsurugi-michi) KENDŌ 拳法 - (kobushi-nori) KENPŌ 合気道 - (ai-iki-michi) AIKIDŌ 忍法 - (shino-nori) NINPŌ 弓道 - (yumi-michi) KYŪDŌ
Os quatro grandes estilos de Karate:
糸東流 - (ito-higashi-nagare) SHI-TŌ-RYŪ 松濤館 - (matsu-nami-yakata) SHŌTŌKAN 剛柔流 - (gō-yawara-nagare) GŌJŪRYŪ 和道流 - (nago-michi-nagare) WADŌRYŪ
Termos genéricos:
神風 - (kami-kaze) SHINPŪ 松風 - (matsu-kaze) SHŌFŪ 日本 - (nihon) NIPPON
Etc.
Quem sou eu para impedir seja quem for de usar KUN-YOMI quando deveria utilizar ON-YOMI?
Agora, se alguém disser que pratica "yawara-michi" quando deveria dizer Jūdō... de duas uma:
1 - ou não entende nada de japonês. 2 - ou não entende nada da arte que pratica.
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Post by joseverson on Aug 4, 2006 11:10:15 GMT 1
Conceito: MANJI卍Manji é uma palavra japonesa expressa pelo kanji acima que significa "suástica". Quem já viu os Dōgi do Kenpō já deve ter reparado que eles usam uma suástica no lado esquerdo, acima do coração nos seus fatos de treino. - "UM HORROR!" Diriam alguns. A lembrança da Segunda Guerra Mundial salta logo à lembrança e Hitler vem logo a seguir (não necessariamente nesta ordem)... o que as pessoas não conhecem é que a suástica é um símbolo místico e, como tal, representa tanto o bem como o mal. Hitler sabia disso quando utilizou a suástica para representar o seu partido. - "Como saber qual é o símbolo do bem e qual é o símbolo do mal?"Simples: - a suástica que representa o bem gira para a direita (setas a rodar apontando para a direita) - a suástica que representa o mal gira para a esquerda (ver qualquer figura Nazi da Segunda Guerra Mundial). Assim, a suástica utilizada pelos praticantes de Kenpō é um símbolo de bom auspício, o símbolo do bem e não tem nada a ver com as atrocidades cometidas na Grande Guerra passada.
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Post by budoka on Aug 4, 2006 17:32:44 GMT 1
As línguas que utilizam ideogramas têm o complexo problema da tradução, pois é muito mais dificil e subjectivo traduzir ideias do que palavras que contêm as ideias. Quanto á suástica, é de salientar que é um simbolo budista, com reminiscências indianas. Por acaso, tenho contactos pessoais com praticantes portugueses de Shorinji Kempo, e foi com base nesses contactos que desmistifiquei o conceito da suástica, que naturalmente é visto como um símbolo pejorativo e maléfico, dada a má utilização deste na 2ª guerra mundial. No budismo este símbolo provém do sânscrito que significa “boa fortuna” ou “fonte de vida”, e representa as forças opostas do Universo (algo parecido com o Yin e Yang). Existem estátuas de Buda que possuem este símbolo gravado no peito. Nota- o Shorinji Kempo é uma arte marcial cuja terminologia linguística é especifica e reflecte o problema dos ideogramas. Alguns exemplos que nunca encontrei noutras artes: uchi waza, tai gi, bo gi, bakuho. Também é de notar a utilização do termo Kempo com m em vez de n…
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Post by joseverson on Aug 4, 2006 18:13:01 GMT 1
As línguas que utilizam ideogramas têm o complexo problema da tradução, pois é muito mais dificil e subjectivo traduzir ideias do que palavras que contêm as ideias. (...) Nota- o Shorinji Kempo é uma arte marcial cuja terminologia linguística é especifica e reflecte o problema dos ideogramas. (...) Também é de notar a utilização do termo Kempo com m em vez de n… É sabido que: 少林寺拳法Shōrin-ji Kenpō é a forma japonesa para Shào-Lin Sì Qúan Fa. A utilização de "m" ou "n" na palavra Kenpō prende-se apenas com o processo de transcrição fonética. Se utilizado o sistema Hepburn, o som nasal (n ou m) antes de "p" ou "b" é sempre transcrito como "n".Mentiria se dissesse que não vi Kenpō escrito com "m" antes de "p", mas o método utilizado para tal transcrição pode ter sido influenciado por uma de duas correntes de transcrição: 1 - método fora de uso. 2 - não utilização de método de transcrição algum, a não ser o português em si, onde a regra determina a utilização de "m" antes de "p".
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Post by budoka on Aug 5, 2006 15:56:58 GMT 1
É sabido que: 少林寺拳法Shōrin-ji Kenpō é a forma japonesa para Shào-Lin Sì Qúan Fa. A utilização de "m" ou "n" na palavra Kenpō prende-se apenas com o processo de transcrição fonética. Se utilizado o sistema Hepburn, o som nasal (n ou m) antes de "p" ou "b" é sempre transcrito como "n".Mentiria se dissesse que não vi Kenpō escrito com "m" antes de "p", mas o método utilizado para tal transcrição pode ter sido influenciado por uma de duas correntes de transcrição: 1 - método fora de uso. 2 - não utilização de método de transcrição algum, a não ser o português em si, onde a regra determina a utilização de "m" antes de "p". Pois, mas até a WSKO (organização japonesa que rege a prática do Shorin-ji Kenpo) utiliza o termo com m, e eles são japoneses...
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Post by Baatousai on Aug 5, 2006 16:09:54 GMT 1
Provavelmente alguem traduziu mal e essa organização, por ignorância foi atrás do erro. Eu pessoalmente conheço várias organizações japonesas que na tradução escrevem com um N e não com um M, estas organizações são claramente maioritarias quanto às que erradamente escrevem com um M. De salientar que o Shorinji Kenpo é uma arte marcial muito recente, que data de meados do século XX.
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Post by joseverson on Aug 5, 2006 17:10:29 GMT 1
Pois, mas até a WSKO (organização japonesa que rege a prática do Shorin-ji Kenpo) utiliza o termo com m, e eles são japoneses... Como eu disse antes: Mentiria se dissesse que não vi Kenpō escrito com "m" antes de "p", mas o método utilizado para tal transcrição pode ter sido influenciado por uma de duas correntes de transcrição: 1 - método fora de uso. (...)Existem vários sistemas de transcrição fonética dos caracteres e ideogramas japoneses. Os mais conhecidos são: - HEPBURN - KUNREI - NIHON Mas existem ainda outros... é possível que em algum deles possa haver a transcrição com "m" antes de "p" e "b". O facto de serem organizações internacionais a escreverem desta ou daquela forma tem muito a ver com conveniência de apresentação de expressões já conhecidas dos ocidnetais. Este é o caso, por exemplo, da IJF (International Judo Federation) onde Jūdō é escrito erradamente como Judo (sem acentos macron). De forma muito conveniente, uma vez que todos os ocidentais já conhecem esta palavra escrita desta forma, daria muito trabalho apresentar a forma correcta e por isso... "deixe-os com o que sabem". Budoka, no teu caso em particular, já que demonstras grande interesse neste assunto, a primeira coisa que deves fazer e determinar qual sistema de romanização de caracteres e ideogramas vais usar... Hepburn, Kunrei, Nihon? Depois estuda a sua utilização efectiva. Verás que este tipo de dúvida acaba por completo! No meu blog (link na minha assinatura) eu apresento as regras de romanização dos ideogramas/caracteres japoneses utilizadas pela THE JAPAN FOUNDATION (órgão máximo para regularização de padrões a nível de transcrições fonéticas no Japão). E assim esse assunto fica definitivamente "arrumado". Se tiveres dúvidas... estamos aqui para aprender uns com os outros. Eu pessoalmente conheço várias organizações japonesas que na tradução escrevem com um N e não com um M, estas organizações são claramente maioritarias quanto às que erradamente escrevem com um M. Baatousai, não podemos chamar a isto "erro" até sabermos qual o sistema de transcrição utilizado... Mas alguns indícios são reveladores (aqui interpretamos o papel de detectives) ;D HEPBURN - JIKUNREI - ZINIHON - ZIO único sistema que apresenta "J" (JI) na transcrição é o Hepburn e o Hepburn apresenta sempre "n" antes de "p" e "b". Agora podemos dizer definitivamente que Kenpō com "m" antes de "p" está errado sob a utilização do processo Hepburn. Outro ponto a ser considerado pelo post do Budoka é o facto de não ter utilizado macron na palavra Kenpō, o que também é errado sob o sistema Hepburn. (Mas sempre podemos evocar o "benefício da dúvida" para um outro sistema de transcrição pouco conhecido...)
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Post by Battousai on Aug 5, 2006 18:19:58 GMT 1
Obrigado pela explicação Joseverson, é sempre um prazer ler as tuas explicações
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Post by budoka on Aug 8, 2006 20:35:13 GMT 1
Existem vários sistemas de transcrição fonética dos caracteres e ideogramas japoneses. Os mais conhecidos são: - HEPBURN - KUNREI - NIHON Então como é que os tradutores trabalham? Informam do sistema que usam?
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Post by joseverson on Aug 8, 2006 23:16:35 GMT 1
Então como é que os tradutores trabalham? Informam do sistema que usam? Os tradutores (o que é o meu caso) utilizam o sistema que escolheram e simplesmente fazem a romanização sem informar seja o que for seja para quem for, uma vez que é sempre evidente um dos três sistemas utilizados, seja ele romanizado seja por qual tradutor. Vou dar um exemplo para poderes observar o que eu digo: Observemos o seguinte KANJI: 柔道Separando estes KANJI em KANA: H: Hebon-shiki (Hepburn) K: Kunrei-shiki N: Nihon-shiki じ - (H: JI, K/N: ZI) ゅ - (H/K/N: YU) う - (H/K/N: U) ど - (H/K/N: DO) う - (H/K/N: U) Ao ler os KANA, transcrevo-os Jūdō (porque uso o método Hepburn, usa "JI" blá blá blá...). Se um tradutor utilizasse o método Kunrei ou o método Nihon, estes ideogramas seriam transcritos como Zyûdô (pois estes métodos usam acento circunflexo para vogais longas, usam "ZI", blá blá blá...) É mais do que evidente a identificação do método utilizado à primeira vista: - Jūdō. - Zyûdô. Assim, não há necessidade de dizer nada... "para um bom entendedor, uma palavra basta". Da mesma forma, é horripilantemente visível em: - Jūjutsu. - Zyûzutu. ;D A propósito... a nível de informação, existe ainda um método criado por Eleanor Jorden chamado JSL, mas acho que não tem utilização efectiva (pelo menos tanto como os métodos mencionados anteriormente).
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Post by budoka on Aug 9, 2006 17:19:06 GMT 1
Deduzo que um tradutor tenha de ter conhecimento de todos os sistemas de transcrição fonética utilizados e respectivas regras, para poder identificar qual o sistema que foi utilizado. É obra!... E quando se faz a tradução para japonês, qual o sistema mais utilizado?
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Post by joseverson on Aug 9, 2006 17:35:00 GMT 1
Deduzo que um tradutor tenha de ter conhecimento de todos os sistemas de transcrição fonética utilizados e respectivas regras, para poder identificar qual o sistema que foi utilizado. É obra!... E quando se faz a tradução para japonês, qual o sistema mais utilizado? Sim. Para quem faz traduções é necessário (mas não obrigatório) saber todos os processos de transcrição fonética. Basta que se saiba um sistema para que se possa transcrever todos os ideogramas e caracteres japoneses. Actualmente, apesar do sistema KUNREI ainda ser visto em alguns trabalhos, o sistema HEPBURN é o mais utilizado (mesmo por documentos oficiais do governo Japonês). Sendo que a fundação Japão também utiliza o Hepburn nas suas publicações... Por exemplos: 1. MINISTÉRIO DOS ASSUNTOS ESTRANGEIROS - exige que a emissão de passaportes seja feita em Hepburn. 2. MINISTÉRIO DAS TERRAS, INFRAESTRUTURAS & TRANSPORTE - exige que sinais de transporte, incluindo os sinais rodoviários/ferroviários, estações de auto-carros e comboios sejam expressos em Hepburn. 3. AVISOS, NOTÍCIAS, POSTOS DE POLÍCIA, TEMPLOS, ATRACÇÕES TURÍSTICAS, etc. são todos indicados em Hepburn.As regras de transcrição fonética são bastante simples... basta uns 30 minutos para entendermos o funcionamento dos três sistemas principais. O problema real está em sabermos os KANJI/KANA para podermos transcrever uma determinada palavra ou expressão utilizando um sistema a nossa escolha (lembro que os três sistemas são válidos)... É aqui que está o problema, pois devemos ser capazes de "saber" como se escreve determinada palavra. Neste caso, é necessário um bom dicionário escrito em japonês para que não restem dúvidas... (e mais todas as coisas envolvidas no processo da expressão do idioma japonês). ;D Difícil? Fácil? isso depende... Tudo começa com um passo, um pouco a cada dia. (É como praticar qualquer Arte Marcial: exige dedicação e esforço.) Quanto a tradução PARA o Japonês... é extremamente linear, uma vez que utiliza-se KANJI/KANA para a escrita e nada mais. O problema é receber uma romanização mal-feita para a qual não se consegue encontrar o significado e respectiva tradução... o trabalho tem que parar a fim de clarificar o que o texto realmente significa... (E isso não é tão raro como aparenta ser.) Budoka... apenas para termos uma idéia geral, aqui vão as datas de criação dos sistemas de romanização (ou transcrição fonética) por ordem cronológica: HEPBURN - Criado por James Curtis Hepburn - no seu dicionário Inglês-Japonês publicado em 1867. Este sistema sofreu alterações com o passar dos anos, mas basicamente é dirigido à ocidentais. NIPPON (NIHON) - Criado por Tanakadate Aikitsu - em 1885. Tinha por objectivo não usar mais Kanji e Kana no idioma japonês (!), substituindo-os integralmente por este sistema de romanização... KUNREI - Criado pela Ordem do Gabinete Japonês, número 3, de 21 de Setembro de 1937. Posteriormente foi "revivido" pela Ordem do Gabinete Japonês, número 1, de 29 de Dezembro de 1954. Esse sistema prende-se ao "orgulho nacional" em oposição a um sistema feito para ocidentais (Hepburn). JSL - Criado por Eleanor Jorden - no seu livro "Japonês, a língua falada" em 1987. A característica é a acentuação visando a pronúncia correcta das palavras japonesas. Volto a lembrar... todos os sistemas são válidos (uns mais do que os outros).
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Post by joseverson on Aug 10, 2006 20:29:42 GMT 1
Conceito: TŌDE, TE e KARATE.
Os KANJI são respectivamente:
唐手、手、空手
Em algumas publicações ocidentais é muito comum encontrar-mos uma "confusão algo que generalizada" em se tratando da aplicação destes três termos e cada um deles aponta para uma Arte específica. Tomemos, por exemplo, a utilização e evolução destes termos nos títulos dos livros escritos pelo Mestre Funakoshi Gichin: 琉球拳法・唐手 1. Ryūkyū Kenpō, Karate (Novembro/1922). 錬胆護身・唐手術 2. Rentan Goshin, Karate-jutsu (Março/1925). 空手道教範 3. Karate-Dō Kyōhan (Maio/1935).
Tecnicamente, a utilização destes termos é bastante simples: 唐手 - Tōde - É o termo utilizado para expressar Artes Marciais chinesas. 手 - Te - É o termo utilizado para expressar Artes Marciais de Okinawa (como Shuri-te, Naha-te e Tomari-te). 空手 - Karate - É o termo utilizado para expressar as Artes Marciais de Okinawa ensinadas no Japão.
No livro do Mestre Mabuni Kenwa: 攻防拳法・空手入門 Kōbō Kenpō, Karate Nyūmon
... (página 44 - último parágrafo) tem uma explicação bastante simples e prática:
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